À falta de solução para drama de transporte Governo desenrasca pneus e baterias para EMTPM |
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Escrito por Adérito Caldeira em 08 Maio 2017 (Actualizado em 29 Maio 2017) |
Ao longo dos últimos 16 anos pelo menos nove estudos foram realizados sobre os transportes urbanos na cidade e província de Maputo, todos recomendam uma solução que integre os municípios de Boane, Matola e de Maputo numa denominada “área metropolitana” onde autocarros em faixas de circulação dedicadas e caminhos de ferro se integrassem para no transporte dos munícipes o que contraria a constatação de Filipe Nyusi disse que afirmou que “temos de saber o que queremos com transportes públicos urbanos”, durante a visita que realizou ao cemitério de autocarros na EMTPM, no passado dia 14 de Abril. A reacção do Chefe de Estado às constatação da incompetência dos gestores e trabalhadores deixou a impressão que Filipe Nyusi tem estado alheio aos dossieres do seu Governo ou é um bom actor teatral, afinal as situações que viu são mais do que conhecidas há vários anos. Aliás a afirmação do Presidente Nyusi sobre a necessidade de uma reestruturação profunda mas que não consista apenas na substituição dos quadros que estão na liderança e muito menos os que asseguram a sua operatividade, mas sim num exercício de transformação e clarificação de responsabilidades no local de trabalho é ambígua.
Todavia, apesar de mais esta injecção, os gestores da EMTPM continuam a revelar a sua incompetência em reparar as centenas de autocarros que jazem nos seus parques. Na passada sexta-feira(05) o ministro dos Transportes e Comunicações, Carlos Mesquita, visitou a empresa e pôde ver que as medidas paliativas em curso não foram efectivadas. Um dos exemplos mais gritantes é a falta de informação objectiva sobre as causas das avarias dos autocarros assim como que necessidades reais existem para os reparar. Paralelamente o Conselho de Administração, liderado há mais de 4 anos por Maria Iolanda Wane, admitiu que é enganada pelos seus mecânicos e por isso prefere sub-contratar a privados as reparações das viaturas. Questionada pelo @Verdade sobre o número de autocarros que a empresa efectiva possui Maria Iolanda Wane disse que tem “medo de falar nisso porque nós temos conceitos próprios, nós temos uma determinada nomenclatura que infelizmente não é bem entendida e tecem-se considerações. Frota nominal, frota operacional, frota disponível, frota efectiva, frota imobilizada, frota avariada”. Por outro lado o Conselho de Administração da Empresa Municipal de Transportes Públicos de Maputo tem convicção que os 749 trabalhadores que possui são em demasia para as necessidades da instituição, representam 60% dos custos operacionais. Gestores medíocres que estão a hipotecar a economia e a qualidade dos serviços de transporte: Armando Guebuza e Paulo Zucula
Contudo, e olhando para as soluções existentes para a “área metropolitana de Maputo”, o futuro da EMTPM é cada vez mais sombrio e o futuro dos trabalhadores será provavelmente buscarem emprego nos operadores privados a quem o Governo pretende entregar a gestão do transporte urbano de passageiros. Outro problema da EMTPM é a cobrança das passagens, dados da empresa indicam que 40% não entram para os cofres, são portanto desviadas pelos cobradores e motoristas durante a operação. A solução estudada e testada é a venda pré-paga dos bilhetes, como aconteceu durante algum tempo com a iniciativa Mbora lá que entretanto desapareceu. “O Mbora lá morreu, mas quem pode dar informação é o Fundo de Transportes, nós estávamos a servir de experiência piloto, nós fomos seleccionados para teste piloto e de facto fizemos o que nos mandaram fazer que é de cobrar utilizando aquele sistema. Chegou um período e disseram pára” declarou ao @Verdade a PCA da EMTPM. Portanto existem difíceis decisões políticas que devem ser tomadas mas o Presidente e o seu Executivo têm preferido protelar e continuar nas decisões Ad hoc quiçá por que elas custam dinheiro que Moçambique nem momento não tem nem tem onde pedir mais, tendo em conta que a Dívida Pública está insustentável. Por exemplo para a aquisição dos pneus e baterias o Governo recorreu aos sempre disponíveis cofres dos Caminhos de Ferro de Moçambique. Enquanto viajamos nos “my love” ou espremidos nos “chapas” importa não esquecermos que a solução de criação de um sistema integrado com os vários modos de transportes, no âmbito plano director de mobilidade e transporte para a denominada área metropolitana de Maputo, e estava orçado até ao ano passado em 330 milhões de dólares norte-americanos, muito menos do que os 2 biliões de dólares norte-americanos gastos ilegalmente em barcos para a pesca de atum e alegada monitoria da costa. Após a visita a EMTPM o Presidente da República orientou uma reunião do Ministério dos Transportes e Comunicações onde disse, entre outras frases populistas, “Estamos a pagar dívidas de coisas que não funcionam”, exigiu a responsabilização de gestores envoltos nas operações de agenciamento, “temos de ir aos ficheiros e averiguar para descobrir quem permitiu isso”. Se Filipe Nyusi tem amnésia e ninguém tem coragem de o recordar Armando Emílio Guebuza e Paulo Zucula são dois dos “gestores” “medíocres que estão a hipotecar a economia e a qualidade dos serviços”. |