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Despropósito

Despropósito é, no meu entender, o melhor adjectivo para classificar a atribuição, na passada sexta-feira, do Prémio Nobel da Paz ao Presidente norte-americano Barack Obama. A Academia Nobel foi “na onda” do efeito Obama, da obamania, e uma instituição com o seu prestígio, com o seu crédito, não pode mergulhar de cabeça em modas sob pena de hipotecar a sua idoneidade. Vejamos. Em oito meses – tempo que Obama leva na presidência – não se pode avaliar mais do que intenções. Não há tempo para julgar acções e o espírito que presidiu à criação deste galardão deve julgar actos, factos, não intenções.

Para todos os efeitos, mau grado o desanuviamento com o mundo islâmico, a aproximação cuidadosa à Rússia – o desamamento nuclear está na ordem do dia –, e o piscar de olho ao Irão e a Cuba, a guerra no Iraque continua, no Afeganistão houve um reforço do contingente militar americano – foram enviados mais 45 mil soldados – a prisão de Guantánamo em Cuba ainda não foi desmantelada – supostamente era uma das suas primeiras medidas – e o diálogo entre israelitas e palestinianos não sofreu qualquer evolução positiva.

A Academia justifica a entrega do galardão pelos “esforços extraordinários no reforço da diplomacia internacional e da cooperação entre os povos, reconhecendo a visão de um mundo sem armas nucleares.” Mas esta atribuição, para mim, é sobretudo reactiva, e isso não se pode admitir. Tem mais de anti-Bush do que pró-Obama. Estou convencido de que se o mandato de Bush não tivesse sido pautado pelo belicismo extremo, Obama nunca teria recebido o prémio.

Esperemos que os EUA não sofram um ataque semelhante ao das Torres Gémeas porque aí não sabemos como Obama irá reagir. Para já, negou-se, para não ofender a China, a receber o Dalai Lama quando este se deslocou há poucos dias a Washington. Realpolitik Oblige.

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